sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Para o quarteto

Somos um quarteto: eu (Nini), irmã (Quiqui), mãe e pai. Um quarteto que se ama o tempo todo explicitamente. Tem beijo e abraço de bom dia, de boa noite, de oi e de tchau. Tem beijo e abraço no meio do dia sem motivo aparente. Tem mil risadas. Tem refeições engraçadas e demoradas, outras apressadas e sérias, mas não menos legais que as primeiras. Tem gente que se preocupa com a gente, tem caronas, tem discussão também, tem conversa. Tem respeito. Tem confiança. Eles ensinaram a gente assim. Ela nunca mediu palavras nem atitudes para demonstrar sentimentos bons. Com a gente e com os outros. Ele nos mostrou que as vezes o caminho mais inteligente se faz de paciência e de silêncio. Mas todo mundo aqui em casa sabe e concorda que é ela que foi se tornando o pilar da nossa familia. Num momento de admiração exacerbada, a Quiqui disse que ela é "a melhor pessoa do Universo". Eu concordo. Pelo menos do meu Universo sim, ela é.

Teve um dia em que eu e ela fizemos macarrons em casa. Foi na semana passada. Uma delicia, talvez a melhor tarde das minhas férias. Foi de uma estranheza gostosa sentir esse saborzinho tão francês na minha casa tão brasileira. Fiquei feliz em descobrir que macarrons, esses biscoitos de amêndoa rechonchudos e coloridinhos que têm sabor de nuvem, podem ser feitos por pessoas normais. Antes eu achava que eles simplesmente surgiam magicamente vindos de outra dimensão. Mas o mais sensacional foi passar a tarde com ela que, além de ser minha mãe, é a musa-mor das confeiteiras, fazendo quitutes franceses. Sabe quando você pode ser o que quiser, quem quiser, na hora em que quiser que a pessoa vai saber te apoiar e te criticar com a mesma doçura? E na hora em que você esta com um problemão na cabeça, com nervos à flor da pele? Ela vem e deixa tudo macio, gostoso, quentinho como um pão-de-lo recém saido do forno. A coisa que eu mais queria é que ela fosse a minha bagagem de mão. Infelizmente ela pesa mais que 8 quilos. =)

Estou voltando para continuar uma vida que comecei o ano passado. Mas também para começar outra. Pela primeira vez eu vou sentir o gostinho de estar começando uma FAMILIA. Estarei realizando dois grandes sonhos ao mesmo tempo. Como todo sonho que esta para ser realizado, geram expectativas. E o lado negativo de fazer parte desse quarteto incrivel é que as vezes fico pensando se essa familia que começo a construir sera tão feliz quanto a minha é e foi. E quando a duvida bate, não da vontade de sair de casa. E de repente não da vontade de sair de casa nunca. Porque a gente sabe que as vezes é preciso perder pra poder ganhar. Mas perder não é legal. E ganhar também não é uma certeza.

Como disse a Quiqui, "ninguém esta sabendo muito como lidar com o desmembramento do quarteto." Desculpa, gente. Eu também não. Principalmente pelas incertezas que batem de vez em quando. Mas o que eu mais quero é construir um quarteto tão feliz quanto o nosso. Por isso, o desmembramento inevitavel. Espero que eu tenha aprendido o suficiente até aqui e consiga. Beijos da Nini.